Exercício audiovisual ajuda crianças com dislexia

Uma nova pesquisa sugere que crianças com dislexia podem melhorar a sua capacidade de leitura através de uma terapia relativamente simples que não envolve a utilização de palavras.

Para os investigadores da Universidade de Helsínquia, Finlândia, os resultados desta pesquisa também oferecem informações acerca das origens dos problemas de aprendizagem destas crianças.

A equipa de trabalho, coordenada por Teija Kujala, desenvolveu um jogo de computador baseado em padrões e sons não relacionados com a fala que, além de melhorar a capacidade de leitura num grupo de crianças disléxicas com sete anos de idade, também induziu alterações mensuráveis na actividade cerebral.

De acordo com o artigo relativo a este trabalho publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, estes resultados podem ajudar os pesquisadores a entenderem as razões subjacentes à ocorrência da dislexia.

A dislexia corresponde a um problema no processamento da linguagem no cérebro que, apesar das crianças afectadas apresentarem níveis normais de inteligência, se manifesta no prejuízo das capacidades de leitura, escrita e fala. Quando as crianças não são tratadas, na idade adulta apresentam problemas ao nível da linguagem oral e escrita.

Segundo os investigadores, o estudo mostrou que os disléxicos podem ter problemas no processamento da velocidade, da frequência e da intensidade do som. Estas evidências sugerem que os pacientes podem ter subjacente às suas dificuldades na linguagem um problema mais geral na percepção de sons e imagens.

Relativamente aos resultados obtidos nesta pesquisa, os investigadores afirmam que os mesmos "...reforçam a ideia de que as dificuldades associadas à dislexia estão baseadas, pelo menos em parte, em disfunções nas capacidades ao nível da percepção geral e não numa diminuição específica das capacidades linguísticas."

No entanto, a equipa de trabalho finlandesa lembra que este é o primeiro estudo que demonstra que crianças disléxicas treinadas para discriminar sons não relacionados com a fala podem melhorar as suas capacidades de linguagem. Por isso, entendem que são precisos mais estudos para, por um lado, determinar as razões da eficácia dos programas de computador no tratamento deste problema e, por outro, averiguar a possibilidade destes resultados poderem ajudar pessoas com vários tipos de dislexia.