Disléxico Jackie Stewart

Aqui segue o depoimento de Jackie Stewart sobre como foi descobrir que tinha dislexia aos 41 anos:
“Segunda-feira de manhã, no Outono de 1948 na escola primária da Dumbarton Academy, eu tinha nove anos e o que receava iria acontecer: era minha vez de ler em voz alta para toda a turma. Eu fui me levantei e fui até a frente, ficando em pé ao lado da professora, na frente de 56 meninos e meninas. Olhei a página e não vi nada, apenas um monte de letras indecifráveis (…), toda a minha confiança acabou naquele momento.
Comecei a ficar corado e senti que as pessoas riam de mim. Me senti num pesadelo e não contive as lágrimas. Eu não consigo descrever a dor e humilhação que senti quando caminhei de volta para minha casa. Me senti inferior e não queria mais voltar para a escola, a cada dia inventava uma desculpa para ficar em casa (…). Alguns não quiseram ser mais meus amigos, porque eu era burro. Então aos 14 anos, o limite da minha ambição se resumia a sobreviver.”
Após levar uma surra, o pequeno Jackie resolveu dar uma reviravolta na sua vida, se as letras ainda eram de difícil domínio, resolveu se dedicar no que era melhor, e poucos garotos de 14 anos sabiam tanto de carros quanto ele. Era a resposta:
“Contra todas as expectativas, eu voltava a ficar na frente de todo mundo, agora não era para ler em voz alta para todas as pessoas e ser ridicularizado. Agora era hora de receber um troféu e ser aplaudido. Eu provei que tinha chance de ter êxito em qualquer coisa na vida. A minha abordagem à vida começou a mudar. Lembro-me de começar a me sentir nervoso na noite anterior de uma competição. Diferente da paralisante sensação de medo que eu sempre senti antes de um exame acadêmico. Estava nervoso porque eu sabia que podia fazer bem.
Stewart fez tudo muito bem e teve uma carreira vitoriosa na Fórmula 1, mas ele mesmo sentia um angústia, todas aquelas perguntas em entrevistas e teve que se adequar a essa situação, repetindo as respostas mentalmente por várias vezes enquanto tocava o hino. Ele continua:
“Sempre me pareceu um paradoxo que não posso recitar o alfabeto para além da letra "P", mas sei de cada mudança de velocidade e distância de frenagem necessária para percorrer as curvas e os 14,7 quilômetros do circuito na velha Nürburgring, na Alemanha.”
Os dias angustiados estavam para terminar para Stewart, quando seu filho enfrentava problemas de rendimento na escola e foi detectado a dislexia. Como o distúrbio é hereditário, aos 41 anos, Jackie Stewart descobria também a causa do seu fraco desempenho na escola:
“Vinte minutos mais tarde, após 41 anos de sentimento estúpido e inferior, eu também fui diagnosticado como disléxico.